quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ela é linda e dorme nua


Ela é linda. Gloriosa. Mulher incrível. Olhos de louca. Linda. Inexplicavelmente linda. Cantei, sim cantei. Por que eu não cantaria? E eu a estava vendo, era meu dever  falar com ela , era meu dever ficar com ela, era meu dever pegá-la pra mim, Olhos nela, perseguição, mão na cintura. Meu braço quente, meu corpo quente contra o dela  E ela faz charme, e ela se nega e ela se entrega quando aperto mais forte o meu braço contra as suas costas. Uma mulher que de longe parecia tão grande, tão magnífica, ali no meu braço pesando leve. Um beija flor. Vem flor, me beija. E beija. E me da o telefone, e me liga no dia seguinte e me quer.
Ela dorme nua no quarto grande da Lagoa. Despudorada diante da janela, ela fuma nua, sentada no parapeito. Ela veste, safada, uma calcinha rosa, pequena frouxinha, dessas boas pra ficar em casa. Ela faz charme e seduz, e seduz, e seduz. Como é boba, tanto esforço e eu já te quero. Desde a hora que eu te vi que eu te quero. Que eu te quero meu brinquedo. Que eu te quero minha musa. Que eu te quero. Te quero e é só o que eu sei. E ela fala sobre livros sobre filmes, sobre tendências da moda, e a pele e as regras de um relacionamento, e as festas e o dia de amanhã, e o cachorro, e a família, e do gosto por carne moída, e o sexo e o sexo e o sexo. E o coração dela trancado. E o coração dela na dela, e o coração dela do mundo. E tomamos cervejas, e fumamos cigarros, e trepamos, e gozamos, e demos risadas e nos arrumamos e fomos rei e rainha de um pequeno lugar . Andávamos na carruagem vermelha. Subíamos montanhas pra dançar perto do céu, descíamos todos os montes pra bebermos perto do inferno.  E então enlouquecemos. Nossos mantos trapos, nossas caras arranhadas, nossos dedos cansados de segurar. E então eu a pedi que fosse embora, que me deixasse, sumisse, que levasse a pílula do dia seguinte, que tomasse e que não nos víssemos por muito tempo. Ela foi. Eu chorei e chorei. Que eu sou um menino mimado. Que eu choro quando não ganho o que eu quero. Mesmo que eu não saiba pra que  eu quero. Gente não é artigo de prateleira. Sem função vira elefante branco. E lá foi ela. Encastelar-se de frente para o mar. E fiquei eu com a vista dos fundos do teatro. Vida que segue de cá, vida que segue de lá. E ela continua pagando o melhor boquete da zona sul do Rio de Janeiro.

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