sábado, 18 de setembro de 2010

Segunda-Feira

O coração batendo dentro da cabeça. Um cigarro acendido no outro. O ônibus que não passa e a única certeza. Pensamentos confusos. Maconha, cerveja e cigarros. Discurso ensaiado no percurso. Fantasias de finais felizes onde os dois não acabam juntos. Portaria, campainha, entrada seca. E pela primeira vez desde que se conheceram não houve o beijo na boca de oi. Foi logo pra cozinha guardando cervejas na geladeira. Era preciso falar. A verdade é que, do nada, aquilo deixou de acontecer. Fim de carnaval. Confetes e serpentinas e purpurinas transformados em lama. Cheirando a mijo. O outro, o outro, o outro. Acusado de não se colocar no lugar do outro. A consciência tranqüila. O caso é que não vingaria. Não tinha a fibra. Covarde seria ficar. Ataques suportáveis, ofensas aceitas. Tudo por não discutir, pra preservar o que restou de: Feche os olhos, ouça a música, relaxe, me deixa fazer amor com você... Ah! As questões todas mais altas que esse convite. No último instante o choro sentado no sofá. Está morto. O ar na rua. Os amigos no boteco. A cara ainda inchada. A balada. O sol nascendo. Mudou a luz. Mudou tudo.

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